segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

As gavetas fechadas...



Não deves abrir as gavetas fechadas...

Não deves abrir as gavetas fechadas: por alguma razão as trancaram e teres descoberto agora a chave é um acaso que podes ignorar.
Dentro das gavetas sabes o que encontras: mentiras. Muitas mentiras de papel, fotografias, objetos. Dentro das gavetas está a imperfeiçao do mundo, a inalterável imperfeição, a mágoa com que repetidamente te desiludes. As gavetas foram sendo preenchidas por gente tão fraca como tu e foram fechadas por alguèm mais sábio que tu. Há um mês ou um século, não importa.
Pedro Mexia in "Menos por Menos" - Poemas EScolhidos


sábado, 21 de dezembro de 2013

Um conto de Natal...




A MENINA DOS FÓSFOROS

Um conto de Hans Christian Andersen



             Fazia tanto frio! A neve não parava de cair no leste europeu, e a gélida noite aproximava-se. Aquela era a última noite de dezembro, véspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escuridão uma pobre menina seguia pela rua afora,  a cabeça descoberta e os pés descalços. É certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas estes não duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que já tinham pertencido à mãe, e ficavam-lhe tão grandes, pesados e encharcados de neve que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua, correndo, para fugir de um bonde. Um dos chinelos desapareceu no meio da neve, e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um berço para a irmã mais nova brincar.
             Por isso, a menina seguia com os pés descalços e já roxos de frio; levava no bolso dianteiro do avental uma quantidade de fósforos, e estendia um maço deles a todos que passavam, oferecendo: — Quer 
comprar fósforos bons e baratos? — Mas o dia lhe tinha sido adverso. Ninguém comprara os fósforos, e, portanto, ela ainda não conseguira ganhar um tostão sequer. Sentia fome e frio, e estava com a cara pálida e as faces encovadas. Pobre criança! Os flocos de neve caíam-lhe sobre os cabelos compridos e loiros, que se encaracolavam graciosamente em volta do pescoço magrinho; mas ela nem pensava nos seus cabelos encaracolados. Através das janelas, as luzes vivas e o cheiro delicioso da carne assada chegavam à rua, porque era véspera de Ano Novo. Nisso, sim, é que ela pensava, o que lhe enchia de água a boca. 
            Sentou-se no chão e encolheu-se no canto de uma varanda. Sentia cada vez mais frio, mas não tinha coragem de voltar para casa, porque não vendera um único maço de fósforos, e não podia apresentar nem uma moeda; e o padrasto, malvado, seriacapaz de lhe bater. E afinal, em casa também não havia calor. A família morava numa meia-água, um barraco, e o vento metia-se pelos buracos das telhas, apesar de terem tapado com farrapos e palha as fendas maiores. Tinha as mãos quase paralisadas com o frio. Ah, como o calorzinho de um fósforo aceso lhe faria bem! Se  tirasse um, um só palito, do maço, e o acendesse na parede para aquecer os dedos...! Pegou num fósforo e: Fcht!, a chama espirrou e o fósforo começou a queimar ! Parecia a chama quente e viva de uma vela, quando a menina a tapou com a mão.
            Mas, que luz era aquela? A menina imaginou que estava sentada em frente de uma lareira cheia de ferros rendilhados, com um guarda-fogo de cobre reluzente. O lume ardia com uma chama tão intensa, e dava um calor tão bom...!  Mas, o que se passava? A menina estendia já os pés para se aquecer, quando a chama se apagou e a lareira desapareceu. E viu que estava sentada sobre a neve, com a ponta do fósforo queimado na mão.
             Riscou outro fósforo, que se acendeu e brilhou, e o lugar em que a luz batia na parede tornou-se transparente como vidro. E a menina viu o interior de uma sala de jantar onde a mesa estava coberta por uma toalha branca, resplandescente de louças delicadas, e mesmo no meio da mesa havia um ganso assado, com recheio de ameixas e puré de batatas, que fumegava, espalhando um cheiro apetitoso. Mas, que 
surpresa e que alegria! De repente, o ganso saltou da travessa e rolou para o chão, com o garfo e a faca espetados nas costas, até junto da menina. O fósforo apagou-se, e a pobre menina só viu na sua frente a parede negra e fria.
             Acendeu um terceiro fósforo. Imediatamente se viu ajoelhada debaixo de uma enorme árvore de 
Natal. Era ainda maior e mais rica do que outra que tinha visto no último Natal, através da porta envidraçada, em casa de um rico comerciante. Milhares de velinhas ardiam nos ramos verdes, e figuras de todas as cores, como as que enfeitam as vitrines das lojas, pareciam sorrir para ela. A menina levantou ambas as mãos para a árvore, mas o fósforo apagou-se, e todas as velas de Natal começaram a subir, a subir, e ela percebeu então que eram apenas as estrelas a brilhar no céu. Uma estrela maior do que as outras desceu em direção à terra, deixando atrás de si um comprido rastro de luz.
             «Foi alguém que morreu», pensou para consigo a menina; porque a avó, a única pessoa que tinha sido boa para ela, mas que já não era viva, dizia-lhe à vezes: «Quando vires uma estrela cadente, um meteorito, é uma alma que vai a caminho do céu.»
             Esfregou ainda mais outro fósforo na parede: fez-se uma grande luz, e no meio apareceu a avó, de pé, com uma expressão muito suave, cheia de felicidade!
— Avó! — gritou a menina — leva-me contigo! Quando este fósforo se apagar, eu sei que já não estarás aqui. Vais desaparecer como a lareira, como o ganso assado, e como a árvore de Natal, tão linda. Riscou imediatamente o punhado de fósforos que restava daquele maço, porque queria que a avó continuasse junto dela, e os fósforos espalharam em redor uma luz tão brilhante como se fosse dia. Nunca a avó lhe parecera tão alta nem tão bonita. Tomou a neta nos braços e, soltando os pés da terra, no meio daquele resplendor, voaram ambas tão alto, tão alto, que já não podiam sentir frio, nem fome, nem desgostos, porque tinham chegado ao reino de Deus.
             Mas ali, naquele canto, junto do portal, quando rompeu a manhã gelada, estava caída uma menina, com as faces roxas, um sorriso nos lábios… morta de frio, na última noite do ano. O dia de Ano Novo nasceu, indiferente ao pequenino cadáver, que ainda tinha no regaço um punhado de fósforos. — Coitadinha, parece que tentou aquecer-se! — exclamou alguém. Mas nunca ninguém soube quantas coisas lindas a menina viu à luz dos fósforos, nem o brilho com que entrou, na companhia da avó, no Ano Novo.

Adaptado - LAC


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Brad Pitt fez 50 anos...



Um Segredo de Amor -  Brad Pitt fez 50 anos…




“O ator Brad Pitt revelou que a sua relação com Angelina Jolie esteve à beira da rutura e que só conseguiu recuperar a sua mulher com muitos mimos, flores, beijos e elogios. Num texto publicado na revista americana “Identity Magazine”, sob o título “Um Segredo de Amor”, escreve Pitt: “A minha mulher adoeceu. Estava constantemente nervosa por causa dos seus problemas no trabalho, vida pessoal e das suas falhas e problemas com os nossos filhos. Perdeu cerca de 13 quilos e pesava pouco mais de 40 quilos aos 35 anos. Ficou demasiado magra e chorava constantemente. Não era uma mulher feliz. Tinha dores de cabeça constantes, dores no peito e tensão muscular nas costas. Não dormia bem, adormecia somente de madrugada e cansava-se muito durante o dia. A nossa relação estava à beira da rutura. A sua beleza começava a abandoná-la. Tinha papos debaixo dos olhos, andava sempre desgrenhada e parou completamente de cuidar de si. Recusava trabalhar no cinema e rejeitou vários papéis. Perdi a esperança e pensava que nos divorciaríamos em breve… Foi então que decidi tomar algumas medidas. Afinal, eu tenho a mulher mais bonita do mundo. Ela é a mulher ideal para metade dos homens e mulheres do planeta e eu era o único a ter o privilégio de adormecer ao seu lado e de poder abraçá-la. Comecei a mimá-la com flores, beijos e muitos elogios. Surpreendia-a e tentava agradá-la em todos os momentos. Enchi-a de presentes e comecei a viver apenas para ela. Só falava em público a seu respeito e relacionava todos os assuntos com ela, de alguma forma. Elogiei-a a sós e em frente a todos os nossos amigos. Podem não acreditar, mas ela começou a renascer, a florescer… Tornou-se ainda melhor do que era antes. Ganhou peso, deixou de andar nervosa e ama-me ainda mais do que antes. Eu nem sabia que ela podia amar tão intensamente. E então percebi: ‘A mulher é o reflexo do seu homem’

Adaptado - LAC

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

" O meu mundo não é como o dos outros..."







"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que nem eu mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"



Florbela Espanca

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

10 beautiful soundtracks from 10 beautiful movies


Tudo o que chega, chega sempre por uma razão - Fernando Pessoa




"É preciso saber quando uma etapa chega ao fim...

Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram (....)
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas na sua vida e que subitamente foram transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso (...)
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.·
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torne-se uma pessoa melhor.
E lembre-se:
“Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"
 
(Adaptado de Fernando Pessoa)