domingo, 20 de outubro de 2013

As (Des) ilusões da Vida




As (Des) ilusões da Vida

 
Habitualmente as férias são, para mim, um tempo de reflexão. Momentos de pura descontração, onde o relógio não existe e o tempo pára algures entre os últimos raios de sol, as brincadeiras das crianças e a alegria das esplanadas com vista para o mar…
É nestes momentos que, frequentemente, dou por mim a pensar no passado e no presente. Se quando somos muito jovens, mas suficientemente maduros para iniciarmos os primeiros projetos de vida, a “idade de ouro”, assumimos que temos a vida toda pela frente e as certezas todas do mundo, na idade mais madura questionámo-nos.
A maioria das pessoas de “ meia-idade” (40-50), já fizeram opções importantes de vida, encetaram e terminaram relações, tiveram ou adotaram filhos, traçaram um percurso profissional, montaram casa própria…
Como foi a nossa vida até aqui? Somos felizes? Concretizamos o que queríamos? Vivemos intensamente?
Certamente que o nosso bem-estar, apelidado de “felicidade”, se traduz numa conjugação de vários fatores e não apenas num. Profissionalmente, estamos mais ou menos realizados, consoante as compensações económicas, o reconhecimento público do nosso trabalho e a satisfação que tiramos daquilo que fazemos. Por vezes, o que fazemos hoje está muito distante do que pensávamos ser quando eramos mais jovens. Contudo, em alguns casos, o primeiro projeto concretiza-se, o que não significa que seja o melhor…
A compensação económica, a concretização de sonhos materiais, o conseguir manter o nível económico e social de família, ter a casa, o carro, as férias que se deseja…
A felicidade incomparável de se ser mãe/pai. A gravidez e o sentimento inigualável de nos sentirmos especiais, únicas. O pulsar de uma vida e as expectativas que depositamos naquele pequenino ser. O sentimento de constituir uma nova família, dando continuidade à nossa…
E as relações que tivemos, como foram? Estivemos apaixonados? Experimentamos aquele sentimento indescritível? Passamos noites acordados porque não podíamos perder um minuto da sua companhia? Vibramos com a sua presença, o seu cheiro, o seu olhar?
A paixão e o amor são dois sentimentos que, à primeira vista, parecem ser muito parecidos: No entanto, as diferenças são enormes. No estado de paixão, o cérebro não interfere, o coração ganha terreno e as nossas ações são ditadas por esse poderoso sentimento de atração espiritual e carnal em que a outra pessoa nos parece perfeita, única. Contudo, a paixão não dura para sempre. Ou acaba ou dá lugar ao amor.
O amor, aquele sentimento mais calmo e duradouro, mais racional que nos permite ver para lá dos sentimentos. Progressivamente, a razão vai interferindo juntamente com o coração.
E a desilusão, a deceção? Certamente que também já a sentimos em alguns momentos da vida. E o principal problema é que, tal como já tenho lido, a deceção dói porque só é capaz de nos dececionar quem nós amamos …
E assim é a vida, feita de ilusões e desilusões… Quem nunca as sentiu, certamente que não vive, sobrevive…
LAC
 

 

2 comentários:

  1. Luisa... revelas, sempre e cada vez, mais facetas maravilhosas de ti. e tu escreves com uma pureza, com uma assertividade, com uma poesia que são encantadoras. Vou colocar-te na minha lista de blogs a seguir, porque tens mesmo de ser lida.
    Um beijo enorme de quem se "rebuliçou" por dentro com este teu texto.
    bjssssss
    Mary by bandagastricamente@blogspot.com

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  2. Obrigada, Maria, pelas tuas palavras. Beijos

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